Local onde as turmas e os professores envolvidos no projecto vão descrevendo as fases do seu trabalho.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Teatro de fantoches encerra PREAA em Silves (Jornal Barlavento)

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Não foi preciso mais do que umas mesas deitadas no chão para esconder os alunos, decorar o texto e diferentes fantoches feitos pelos pequenos estudantes para animar o final de tarde do dia 22 de junho, na EB 2+3 Dr. Garcia Domingues, em Silves.
TEMAS: PREAA
Na plateia do auditório da escola, onde já quase não havia lugares vagos, os pais e avós assistiam orgulhosos ao teatro de fantoches feito pelos alunos do 5º B, onde recontaram a história da «Chuva de Nuteixos», criada no âmbito dos «Contos do Mago», um dos ciclos temáticos do Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte (PREAA), promovido pela Direção Regional de Educação do Algarve.

A história até é simples de aprender, mas aplica importantes conceitos da geologia. Neste caso, explica o nascimento do Grés de Silves, sendo esta uma forma pedagógica que a coordenadora do PREAA e autora dos «Contos do Mago» Helena Tapadinhas encontrou para ensinar quase a brincar.

«O mago Zóico, que morava no centro da Pangeia (continente único), onde estava Silves naquela altura dos dinossáurios, tentou fazer chuva, porque havia muito calor», começou por explicar ao «barlavento» Helena Tapadinhas.

Mas não dominava bem a técnica do nuteixo, uma espécie de varinha mágica, e provocou tanta chuva, que só ao fim de 64 anos o dilúvio parou. Ao fim dessas décadas, o calor voltou e os animais foram pedir ao mago para voltar a fazer chover, mas, desta vez, só um bocadinho. Não deu resultado...

Chuva, seca, chuva, seca. E pelo meio do teatro de fantoches, o narrador lá ia explicando que estes períodos atuaram sobre a Hercínica, uma cadeia montanhosa que atravessava o Pangeia.

«A geologia diz que, com esta intercalação de chuva e de seca, a montanha foi sendo desmantelada e os sedimentos foram depositados no fundo dos vales. Durante esta deposição continental, como havia oxigénio no ar, os sedimentos oxidaram e deram origem ao Grés de Silves (rocha vermelha)», explicou a coordenadora do PREAA.

O mago Zóico, da história inventada por Helena Tapadinhas, acabou por não conseguir fazer a magia e resolveu frequentar, durante uns tempos, um curso de atualização de feitiços. Quando voltou, a chuva tinha parado, mas também já não havia montanha.

«O desmantelamento da Hercínica dera lugar a uma rocha vermelha acumulada nos vales, a que o Mago chamou de grés». E afinal de contas até nem foi mau, pois viver num vale vermelho é um espanto, reza o conto «Chuva de Nuteixo».

O grés de Silves existe em vários pontos do planeta, mas tem o nome da cidade porque o geólogo Paul Choffat o caracterizou pela primeira vez em terrenos neste concelho, no século XIX.

Esta apresentação final foi o culminar de todos os trabalhos realizados ao longo do ano letivo, que envolvem sempre o ouvir o conto, fazer um percurso para enquadrar o conto na envolvente e desenvolver um projeto de expressão artística.

«Este é o segundo ano em que a EB 2+3 Dr. Garcia Domingues participa no PREAA, mas por ser tão interessante cativou muitos professores e este ano triplicámos o número de docentes envolvidos no projeto», revelou ao «barlavento» Nuno Garção, coordenador de projetos do agrupamento.

Além da vantagem de trabalhar sempre a componente do ambiente, dá uma formação científica relacionada com a região e é uma mais valia do ponto de vista pedagógico, porque permite que o professor saiba explorar o que tem à sua volta para dar os conteúdos de cada área, considera o responsável.

Para o coordenador, o grande desafio foi mesmo articular os trabalhos entre o pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos do agrupamento e dar asas à criatividade. Nos dias 21 e 22 de junho, no âmbito do PREAA, foram ainda apresentadas a dança da Sereia Seixa da Meia Praia (pelos alunos do 9º A) e a coreografia do «Bailado do Talude» (3º A e sala 5 do pré-escolar).

7 de Julho de 2011 | 08:26
ana sofia varela

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